domingo, 6 de maio de 2012

Vivenciando uma rotina diferenciada...

Relato de Experiência

     Barbosa (2006), afirma que “a importância das rotinas na Educação Infantil provém da possibilidade de constituir uma visão própria como concretização paradigmática de uma concepção de educação e de cuidado. É possível afirmar que elas sistematizam o projeto pedagógico das instituições e apresentam a proposta de ação educativa dos profissionais.” (2006, p. 35)

       A autora esclarece que, a forma como se organizam as rotinas nos espaços de Educação Infantil revelam a organização da instituição, o trabalho de seus profissionais, as concepções sobre educação e cuidado, e a importância dada a cada uma. Pode-se conhecer o projeto educativo, o que a instituição busca, defende, analisando a rotina estabelecida naquele espaço.

       A autora também cita que a rotina de trabalho, que por vezes são normas, podem ter autoria do sistema de ensino, dos diretores, coordenadores, professores, e que em certos espaços as crianças são convidadas a participar da elaboração das rotinas.

       Neste sentido, relatamos aqui uma experiência do Estágio em Educação Infantil, realizada no Centro de Educação Infantil Municipal Rosa Borck em Pomerode/SC. O currículo desta instituição é sustentado na proposta High Scope e nos Documentos Oficiais do MEC.

       Nosso objetivo naquele espaço era vivenciar e compreender a proposta e os direcionamentos da mesma a partir da rotina diária da instituição (crianças e adultos), com foco uma turma de crianças de 5 anos. Através de observações e interações com as crianças e os adultos procuramos nos envolver com a proposta e compreender a atuação do adulto e da criança em uma rotina heterogênea, formada por diferentes tempos e espaços.

      A criança era protagonista e exercia função ativa no espaço da Instituição de Educação Infantil. Era compreendida como sujeito ativo e de direitos, assim seus interesses, escolhas, direitos eram valorizados, sendo estes o foco para a organização do contexto educativo.

      Para exemplificar a organização da rotina: a professora ao encontrar as crianças, já tinha seu planejamento estruturado, tinha sugestões de como aquele dia seria organizado. Na roda de conversa diária a professora dialogava com as crianças que atividades planejou e em que espaços, e as crianças davam outras sugestões de brincadeiras, atividades, espaços para acrescentar a rotina do dia. Para que a atividade, brincadeira, ou ida a determinado espaço pudesse acontecer era realizada uma votação para verificar se a maioria concordava.

       
       
        A criança assim, participava diretamente da construção do seu dia, que ficava registrada no quadro. Tinha suas idéias valorizadas, não ignoradas pela professora em nome de um planejamento fixo, de uma rotina sufocante. Para que essa rotina flexível acontecesse a Instituição organizava-se em diferentes espaços. São eles: Área de banho/Área da natureza/Área de Blocos/ Goiabeira/Área Coberta/Área da Areia/Área do Parque/Sala de Música, e a sala dividida em cantos fixos e móveis: como canto da casinha, dos jogos e do computador.

Quadro para registro da utilização das diferentes áreas:

Alguns espaços:
                                Cantinho da Casinha na sala                         Área da Areia

                                                Área de Blocos                     Área de Banho
      
       Em muitos momentos que presenciamos, as crianças estavam envolvidas em determinada atividade e se aproximava a hora do lanche, a professora, percebendo o envolvimento da turma, combinava de lanchar mais tarde. Claro que para que essa organização fosse possível o foco de todo trabalho desenvolvido na instituição seja a criança, e não o adulto como estamos acostumados.
       No decorrer deste estágio percebemos que os momentos oportunizados, em diferentes tempos e espaços, com foco nas diversas linguagens, com uma rotina flexível permitiam a elas aprendizagens e vivências singulares. O contato com esta realidade diferenciada foi uma excelente oportunidade de aprendizagem, à medida que nos aproximou de práticas que respeitam as crianças e suas infâncias.

Referências:

Barbosa, Maria Carmen Silveira. Por amor e por força: rotinas na educação infantil. Porto Alegre: Artmed, 2006.

Acadêmicas: Janaína Nass, Jéssica Trainotti, Jennifer Caroline Berté Custódio, Patrícia Mendes, Talita Bahr.

3 comentários:

  1. Que interessante as colocações do grupo e também as fotos. Cada novo escrito desperta para reflexões mais aprofundadas que remetem às teorias e experiências diversas a cerca das crianças nos espaços de Educação Infantil. A proposta High Scope é muito desafiadora, pois exige do educador conhecimento, mobilidade e capacidade de direcionamento adequado para cada atividade, em diferentes momentos e espaços, que, como bem ressalta o grupo através da autora propõe avanços para além do cuidar.
    Meu abraço
    Zeneide

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  2. Quão maravilhoso é ver a teoria na prática! Nestes momentos vemos o verdadeiro sentido das rotinas e dos espaços diferenciados.
    Abraços!!!

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  3. Como é importante ter os espaços diferenciados em sala de aula, eles impõem papel fundamental, pois a criança tem a capacidade de usar a sua criatividade, cuida dos espaços e evolui o seu próprio conhecimento de forma interativa e instigadora de conhecer o que o espaço pode proporcionar.
    Gislaine Petris

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