terça-feira, 14 de maio de 2013

Interações e Brincadeiras na Educação Infantil


         Através de pesquisas realizadas pelo grupo, destacamos este recorte das Diretrizes Curriculares Municipais de Blumenau, por julgarmos interessante, pois ele direciona o trabalho pedagógico dos professores no qual se refere a importância do brincar no cotidiano escolar e a importância desta ação para o desenvolvimento da criança.

Interações e Brincadeiras na Educação Infantil

 Numa concepção sociocultural, o brincar “define-se por uma maneira que as crianças têm para interpretar e assimilar o mundo, os objetos, a cultura, as relações e os afetos das pessoas”, sendo um espaço característico da infância (WAJSKOP, 1995, p. 66). Por meio da brincadeira, a criança pode “tomar decisões, expressar sentimentos e valores, conhecer a si, aos outros e o mundo” (KISHIMOTO, 2010, p. 01). A brincadeira é, portanto, uma importante ferramenta para a criança se apropriar de códigos culturais, para se desenvolver e se expressar.

“Destaca-se, contudo, que a criança não aprende a brincar naturalmente. Ela está inserida em um contexto social e cultural e seus comportamentos estão impregnados por essa imersão inevitável” (BROUGÈRE, 2010, p. 104). Ela precisa aprender a brincar por meio da mediação do adulto ou de outra criança mais experiente. “A brincadeira é um processo de relações interindividuais, portanto, de cultura” (BROUGÈRE, 2010, p. 104). Portanto, ao falar de brincadeira é preciso enfatizar o papel das interações nesta importante atividade da criança: a interação com os adultos, a interação com outras crianças, a interação com os objetos, a interação com o espaço físico e a interação entre a instituição e com a família das crianças.

A interação com a professora – A criança pequena é iniciada na brincadeira por pessoas que cuidam  dela. A criança, segundo Brougère (2010, p.98) “entra progressivamente na brincadeira do adulto, de quem ela é inicialmente o brinquedo, o espectador ativo e, depois, o real parceiro”.

Apesar do prazer e da aprendizagem que podem advir do brincar livre, o brincar interativo com a professora pode contribuir para o conhecimento do mundo social, além de poder oferecer maior riqueza e complexidade às brincadeiras. O envolvimento da professora pode ser pela participação direta ou indireta. A professora pode participar do brincar com as crianças ou ao lado delas. Com os bebês, especialmente, a ação da professora deve envolver falas, gestos, esconder e achar objetos. Com as crianças maiores, “o envolvimento do adulto pode ser a participação e a iniciação. A participação envolve brincar com as crianças ou ao lado delas, enquanto a iniciação significa desenvolver uma situação de brincar já existente ou criar uma nova, identificar problemas e aconselhar soluções” (MOYLES; COLS, 2006, p. 32-33). A professora também pode organizar jogos cooperativos para as crianças, tais como: narração de histórias, jogos musicais, jogos de movimento, entre outros.

A interação com outras crianças ― à medida que o grupo de crianças interage, são construídas as culturas infantis. As crianças aprendem coisas que lhes são muito significativas na interação com os seus companheiros de infância. O brincar com outras crianças, portanto, “garante a produção, conservação e recriação do repertório lúdico infantil” (KISHIMOTO, 2010, p.03) É importante oportunizar momentos de interações entre os diferentes grupos etários, entendendo que o agrupamento por idades é artificial e só acontece na escola. É importante, ainda, intercalar momentos em que a criança possa brincar sozinha e em grupo.

A interação com objetos ― A professora pode organizar os brinquedos e demais materiais de forma a estimular a sua exploração pelas crianças, favorecendo a interação com objetos variados em “formas, texturas, cores, tamanhos, espessuras, cheiros e outras especificidades [...] importantes para a criança compreender esse mundo” (KISHIMOTO, 2010, p. 03).

A interação entre criança e o espaço físico ― O espaço físico é sempre revelador de concepções que a instituição assume para cuidar e educar a criança pequena. Nesse sentido, a existência ou ausência de determinados espaços e a forma como estão organizados poderá “facilitar ou dificultar a realização das brincadeiras e das interações entre as crianças e adultos” (KISHIMOTO, 2010, p. 03).

Destaca-se que é importante haver um equilíbrio na utilização dos espaços nas instituições de educação infantil, permitindo que a criança possa se deslocar e realizar movimentos amplos nos espaços internos e externos às salas de referência dos grupos e envolver-se em explorações e brincadeiras com objetos e materiais diversificados que contemplem as particularidades etárias, sociais, culturais, étnico-raciais e linguísticas das crianças e suas famílias. Para tanto, é essencial o planejamento das situações e do uso dos espaços e de materiais diversificados no cotidiano do trabalho com as crianças, de sorte a oportunizar diferentes possibilidades de aprendizagens de ordem afetiva, cognitiva, expressiva, artística e, especialmente, relacional.

A interação entre a instituição de Educação Infantil e as famílias das crianças é crucial para o desenvolvimento social e afetivo da criança. Do ponto de vista das brincadeiras, essa interação pode contribuir para ampliar o repertório de todos e possibilita a aprendizagem do respeito às diferentes formas de vida dos vários grupos.

Para finalizar, enfatiza-se que cada criança é única e apresenta uma maneira singular de se expressar, relacionar-se com os outros, manifestar seus desejos e preferências. Portanto, conhecer a criança é condição para o planejamento das atividades de modo mais favorável aos propósitos infantis e às aprendizagens coletivamente trabalhadas.

Para tanto, a observação e o registro sistemático pelo professor sobre o comportamento de cada criança e do grupo de crianças, nos diferentes momentos de brincadeiras e das interações travadas no cotidiano, são condições necessárias para compreender como a criança se apropria de modos de agir, sentir e pensar culturalmente constituídos.

REFERÊNCIAS:

BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Secretaria de Educação Básica. Resolução nº. 5, de 17 de dezembro de 2009. Fixa as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Diário Oficial da União, Brasília, 18 de dezembro de 2009, Seção 1, p. 18.

BOUGÈRE, Gilles. Brinquedo e cultura. São Paulo: Cortez, 2010.

KISHIMOTO, Tizuko Morchida. Brinquedos e brincadeiras na educação infantil. In: Seminário Nacional: Currículo em Movimento – Perspectivas Atuais, 1., 2010. Belo Horizonte. Anais. Belo Horizonte: UFMG/MEC, nov. 2010.

 LUZ, Iza Rodrigues da. Relações entre crianças e adultos na educação infantil. In: Seminário Nacional: Currículo em Movimento – Perspectivas Atuais, 1., 2010. Belo Horizonte. Anais. Belo Horizonte: UFMG/MEC, nov. 2010.

 MOYLES, Janet R. A excelência do brincar: a importância da brincadeira na transição entre educação infantil e anos iniciais. Porto Alegre: Artmed, 2006. WAJSKOP, G. O Brincar na Educação Infantil. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, n. 92, pp. 62- 69, 1995.

 Recomendamos conhecer este documento na integra:


Grupo: Alinne Elisa Schimoller; Andressa Aparecida da Silva Porath; Mariléia Purcino; Priscilla Maitê Pereira.

 

4 comentários:

  1. O homem só se faz homem a partir do momento que interage com outros seres humanos. É a partir da relação interpessoal que o indivíduo insere-se e é inserido na cultura. Estabelecendo laços afetivos, ele, em conjunto com os demais, desenvolve-se, construindo valores, conhecimentos, habilidades e formas de relacionamento.

    "É através da interação com outras pessoas, adultos e crianças, que, desde o nascimento, o bebê vai construindo suas características: modos de agir, pensar, sentir e sua visão de mundo, seu conhecimento.". (OLIVEIRA et al., 1994, p. 30).

    Na instituição de Educação Infantil, cabe aos professores promoverem momentos/espaços de interação, adulto-criança e criança-criança. A brincadeira é um excelente momento/espaço de interação, no qual as crianças estabelecem diferentes tipos de relacionamentos, a partir do faz-de-conta, lidam com representações da vida real e constroem conhecimentos.

    A BRINCADEIRA DAS CRIANÇAS NA FORMAÇÃO DE PROFESSORAS DE EDUCAÇÃO INFANTIL. Florianópolis: Revista Zero A Seis Ufsc, v. 23, n. 19-32, jun. 2011. Janeiro / Junho. Disponível em: . Acesso em: 17 maio 2013.

    Jessica G., Luana, Stefanie e Thayse.

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