domingo, 8 de abril de 2012

Para os envolvidos com crianças pequenas e a discussão das datas comemorativas...



Pode parecer estranho para os que estão chegando, tanto para os pais novatos quanto para os educadores iniciantes e muito mais para educadores experientes que atuam nos espaços educativos que vivenciam as datas efêmeras por muitos anos nos seus planejamentos. Brincar, provocar a imaginação e ao mesmo tempo experimentar não comemorar a Páscoa, o dia das mães, dos pais e outras datas comemorativas nos espaços educativos é um movimento de construção e inicialmente desafiador...


Mas, podemos começar a explicar, dialogar. Compreendendo que“Ser capaz de imaginar é ser capaz de ser livre das aparências convencionais” (Sutton-Smith 1998. pp. 10-11). Busca que os espaços tenham uma proposta que promova, amplie e aproxime a produção cultural para as crianças com qualidade, de seus familiares, de grupos sociais que possam interessar. Privilegia-se festejar aquilo que se está pesquisando, que faça sentido para as crianças, o grupo e não o que está estabelecido no calendário religioso, cívico e muito menos comercial. Assim, a ideia inicial não é impedir que crianças não se socializem ou não se familiarizem com as convenções de seu tempo e lugar, mas, que pensemos em meios de assegurar e acompanhar esses movimentos sugerindo, estimulando e desenvolvendo sempre a imaginação, a criação das crianças. Acreditamos ser importante para a criança todo conhecimento adquirido, vivido, construído e não simplesmente reproduzido. 



No decorrer de incontáveis anos muitas convenções e invenções sociais ecoaram fortemente com seus padrões sonoros, imagens repetitivas, estereotipadas, histórias estruturadas e organizadas foram algumas das ferramentas que ajudaram a manter a ideia estável de significado destas comemorações. A preparação de comemorações/festividades deve acontecer em momentos diferentes de situações/significativas, de tempos e espaços, de avaliação e retorno do trabalho realizado.

Assim, a páscoa, sendo uma festa religiosa importante para vários grupos, pode ser objeto de roda de conversa estruturada em aspectos vinculados aos projetos de construção e investigação, mas, não deverá assumir maiores dimensões, nem tomar outros espaços que capture a imaginação e limite as crianças às práticas convencionais de todos os tempos (sem sentido) e estéreis dentro do itinerário educativo. Posteriormente outras datas devem ser dada a atenção necessária e questionadora.

Parece necessário criar situações riquíssimas de brincar, imaginar, experimentar e inquietar-se colocando em suspensão ou em xeque algumas práticas, organizações culturais, econômicas e políticas que são reveladas, legitimadas para as crianças pequenas. A padronização de práticas pedagógicas no interior dos espaços educativos a partir das convenções sociais estabelecidas deve servir de reflexão e novos encaminhamentos que mobilize nas crianças e principalmente nos adultos processos imaginativos criadores. Vale começar!!!



Profª.  Lilian Cristina de Souza

2 comentários:

  1. As datas comemorativas realmente tem uma questão que o texto denomina de reprodução. São sempre as mesmas atividades propostas, com os mesmos símbolos quemuitas vezes não se associam ao verdadeiro sentido da data comemorada. Como educadoras precisamos atentar para o modo de trabalhar estas questões que culturalmente ainda estão presentes em grande parte das Instituições (privadas e públicas).

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  2. Bem válida a partilha, pois esta questão das datas comemorativas precisa despertar olhares mais apurados, que sejam capazes de olhar para além de situações festivas fragmentadas, sendo capaz de propor projetos mais significativos que abordem os temas desejados, pois a sociedade evoluiu e muitos espaços educativos ainda nãos e deram conta disso. É urgente que se repense estas práticas.
    Abraços
    Zeneide

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