Através
de pesquisas realizadas pelo grupo, destacamos este recorte das Diretrizes
Curriculares Municipais de Blumenau, por julgarmos interessante, pois ele
direciona o trabalho pedagógico dos professores no qual se refere a importância
do brincar no cotidiano escolar e a importância desta ação para o
desenvolvimento da criança.
Interações e Brincadeiras
na Educação Infantil
Numa concepção
sociocultural, o brincar “define-se por uma maneira que as crianças têm para
interpretar e assimilar o mundo, os objetos, a cultura, as relações e os afetos
das pessoas”, sendo um espaço característico da infância (WAJSKOP, 1995, p.
66). Por meio da brincadeira, a criança pode “tomar decisões, expressar
sentimentos e valores, conhecer a si, aos outros e o mundo” (KISHIMOTO, 2010,
p. 01). A brincadeira é, portanto, uma importante ferramenta para a criança se
apropriar de códigos culturais, para se desenvolver e se expressar.
“Destaca-se, contudo, que
a criança não aprende a brincar naturalmente. Ela está inserida em um contexto
social e cultural e seus comportamentos estão impregnados por essa imersão
inevitável” (BROUGÈRE, 2010, p. 104). Ela precisa aprender a brincar por meio
da mediação do adulto ou de outra criança mais experiente. “A brincadeira é um
processo de relações interindividuais, portanto, de cultura” (BROUGÈRE, 2010,
p. 104). Portanto, ao falar de brincadeira é preciso enfatizar o papel das
interações nesta importante atividade da criança: a interação com os adultos, a
interação com outras crianças, a interação com os objetos, a interação com o
espaço físico e a interação entre a instituição e com a família das crianças.
A interação com a
professora – A criança pequena é iniciada na brincadeira por pessoas que
cuidam dela. A criança, segundo Brougère
(2010, p.98) “entra progressivamente na brincadeira do adulto, de quem ela é
inicialmente o brinquedo, o espectador ativo e, depois, o real parceiro”.
Apesar do prazer e da
aprendizagem que podem advir do brincar livre, o brincar interativo com a
professora pode contribuir para o conhecimento do mundo social, além de poder
oferecer maior riqueza e complexidade às brincadeiras. O envolvimento da
professora pode ser pela participação direta ou indireta. A professora pode
participar do brincar com as crianças ou ao lado delas. Com os bebês,
especialmente, a ação da professora deve envolver falas, gestos, esconder e
achar objetos. Com as crianças maiores, “o envolvimento do adulto pode ser a
participação e a iniciação. A participação envolve brincar com as crianças ou
ao lado delas, enquanto a iniciação significa desenvolver uma situação de
brincar já existente ou criar uma nova, identificar problemas e aconselhar
soluções” (MOYLES; COLS, 2006, p. 32-33). A professora também pode organizar
jogos cooperativos para as crianças, tais como: narração de histórias, jogos
musicais, jogos de movimento, entre outros.
A interação com outras
crianças ― à medida que o grupo de crianças interage, são construídas as
culturas infantis. As crianças aprendem coisas que lhes são muito
significativas na interação com os seus companheiros de infância. O brincar com
outras crianças, portanto, “garante a produção, conservação e recriação do
repertório lúdico infantil” (KISHIMOTO, 2010, p.03) É importante oportunizar
momentos de interações entre os diferentes grupos etários, entendendo que o
agrupamento por idades é artificial e só acontece na escola. É importante,
ainda, intercalar momentos em que a criança possa brincar sozinha e em grupo.
A interação com objetos ―
A professora pode organizar os brinquedos e demais materiais de forma a
estimular a sua exploração pelas crianças, favorecendo a interação com objetos
variados em “formas, texturas, cores, tamanhos, espessuras, cheiros e outras
especificidades [...] importantes para a criança compreender esse mundo”
(KISHIMOTO, 2010, p. 03).
A interação entre criança
e o espaço físico ― O espaço físico é sempre revelador de concepções que a
instituição assume para cuidar e educar a criança pequena. Nesse sentido, a
existência ou ausência de determinados espaços e a forma como estão organizados
poderá “facilitar ou dificultar a realização das brincadeiras e das interações
entre as crianças e adultos” (KISHIMOTO, 2010, p. 03).
Destaca-se que é
importante haver um equilíbrio na utilização dos espaços nas instituições de
educação infantil, permitindo que a criança possa se deslocar e realizar
movimentos amplos nos espaços internos e externos às salas de referência dos
grupos e envolver-se em explorações e brincadeiras com objetos e materiais
diversificados que contemplem as particularidades etárias, sociais, culturais,
étnico-raciais e linguísticas das crianças e suas famílias. Para tanto, é
essencial o planejamento das situações e do uso dos espaços e de materiais
diversificados no cotidiano do trabalho com as crianças, de sorte a oportunizar
diferentes possibilidades de aprendizagens de ordem afetiva, cognitiva,
expressiva, artística e, especialmente, relacional.
A interação entre a
instituição de Educação Infantil e as famílias das crianças é crucial para o
desenvolvimento social e afetivo da criança. Do ponto de vista das
brincadeiras, essa interação pode contribuir para ampliar o repertório de todos
e possibilita a aprendizagem do respeito às diferentes formas de vida dos
vários grupos.
Para finalizar,
enfatiza-se que cada criança é única e apresenta uma maneira singular de se
expressar, relacionar-se com os outros, manifestar seus desejos e preferências.
Portanto, conhecer a criança é condição para o planejamento das atividades de
modo mais favorável aos propósitos infantis e às aprendizagens coletivamente
trabalhadas.
Para tanto, a observação e
o registro sistemático pelo professor sobre o comportamento de cada criança e
do grupo de crianças, nos diferentes momentos de brincadeiras e das interações
travadas no cotidiano, são condições necessárias para compreender como a
criança se apropria de modos de agir, sentir e pensar culturalmente
constituídos.
REFERÊNCIAS:
BRASIL. Ministério da Educação e Cultura.
Secretaria de Educação Básica. Resolução nº. 5, de 17 de dezembro de 2009. Fixa
as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Diário
Oficial da União,
Brasília, 18 de dezembro de 2009, Seção 1, p. 18.
BOUGÈRE, Gilles. Brinquedo
e cultura.
São Paulo: Cortez, 2010.
KISHIMOTO, Tizuko Morchida. Brinquedos
e brincadeiras na educação infantil. In: Seminário Nacional: Currículo em Movimento –
Perspectivas Atuais, 1., 2010. Belo Horizonte. Anais.
Belo
Horizonte: UFMG/MEC, nov. 2010.
LUZ, Iza Rodrigues da. Relações entre crianças e
adultos na educação infantil. In: Seminário Nacional: Currículo em Movimento –
Perspectivas Atuais, 1., 2010. Belo Horizonte. Anais. Belo Horizonte:
UFMG/MEC, nov. 2010.
MOYLES, Janet R. A
excelência do brincar:
a importância da brincadeira na transição entre educação infantil e anos
iniciais. Porto Alegre: Artmed, 2006. WAJSKOP, G. O Brincar na Educação
Infantil. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, n. 92,
pp. 62- 69, 1995.
Recomendamos conhecer este documento na integra:
Grupo:
Alinne Elisa Schimoller; Andressa
Aparecida da Silva Porath; Mariléia Purcino; Priscilla Maitê
Pereira.